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Alguma vez você já se perguntou como alguns fotógrafos podem produzir fotos que parecem tão radicalmente diferentes do que podemos ver com nossos próprios olhos?
A fotografia digital permite manipular fotos usando um computador para torná-las surrealistas, ou transformar mais de uma foto em uma única imagem incrível.
Algumas câmeras incluem recursos que podem produzir imagens de alta faixa dinâmica (HDR), múltiplas exposições ou até fotografias em preto e branco.
Apesar de tudo isto existir algumas hoje em dia, algumas repostas não estão no futuro da fotografia mais sim em seu passado. Tendo uma boa compreensão de certas técnicas e da física da luz, você pode produzir imagens com aparência irreal direto na câmera.
Você não precisa depender da tecnologia de uma câmera super moderna ou do uso pesado de pós-processamento para criar um ótimo trabalho.
E saber como usar o sistema de zona na fotografia vai ser o primeiro passo para você dominar não apenas sua câmera mas também como ela e você vão enxergar a luz.
Uma breve introdução ao sistema de zona
O sistema da zona existe há décadas. Foi desenvolvido por Ansel Adams e Fred Archer baseado em sensitometria, que é o estudo dos materiais sensíveis a luz.
É uma ferramenta projetada para ajudar os fotógrafos a planejar e controlar a exposição ou pós processamento de uma imagem. Naturalmente, como surgiu em meados de 1930, foi criado para uso com filme.
Embora existam argumentos contra a aplicação desta técnica em fotografia digital, acredito que mesmo hoje ela seja muito útil.
Adams e Archer dividiram o espectro de tons entre preto e branco em onze zonas e designaram um numeral romano para cada um.
A zona 0 é preta, a zona X é branca sendo a zone V é cinza médio, ou cinza 18%. Cada zona é separada por uma parada fotográfica.
Apesar de ser um conceito super técnico o sistema de zona na fotografia é necessário quando falamos de exposição ou de revelação de fotos, ele pode ser um guia muito válido. Claro que apenas isto não fará sua imagem ganhar prêmios, pois estamos falando apenas da exposição, mas já será de grande valor para te ajudar a enxergar a cena.
Sistema por zona apenas é apenas outra ferramenta no seu kit
Podemos com ele apenas como diretrizes do que regras reais, assim a vida fica bem mais simples. Diferente de muita coisa que vimos sobre “regras”, aprendê-las para depois quebrá-las, o sistema de zona é baseado em fatos científicos, você não pode quebrá-lo.
Aprender a aplicar a técnica lhe dará mais liberdade para ser criativo com sua câmera. Considere isso como apenas outra ferramenta no seu kit.
Como qualquer ferramenta, você precisa primeiro aprender o básico do que ela faz e como você usá-la para que ela faça o que você quer.
Por que se preocupar em aprender o Sistema de Zona?
Muita gente não sabe mas todas as câmeras modernas são calibradas para que quando façamos uma captura o valor de exposição a ser atingido é o cinza médio, 18% cinza.
Este valor é a metade do caminho entre o preto e branco.
No entanto, quando uma cena contém muitas áreas claras, a câmera tenta renderiza-las como tendendo a média, escurecendo-a, e assim causando subexposição. Por outro lado, quando uma cena contém muitas áreas escuras, tenta renderiza-las como tendendo a média novamente, causando superexposição.
Então saber como sua câmera interpreta a luz é ponto fundamental para entender como funciona a exposição de uma cena.
Nós, como seres humanos, vemos em cores e não em preto e branco, e há cores que são consideradas médias.
Ou seja, eles refletem uma quantidade média de luz, que é aproximadamente a mesma quantidade que o cinza médio. Aprender a interpretar os tons médios é fundamental para implantar o sistema de zona na fotografia.
Certas situações são complicadas de se fotografar como por exemplo um coelho branco na neve ou um cachorro preto em cima de um tapete preto. Caso deixe todas as medições a cargo de sua câmera, ele vai transformar tudo em cinza médio (18% cinza), onde ela entende que a foto estaria bem exposta.
Para a câmera isto é uma verdade, porém para a foto não necessariamente. E usar o sistema de zonas ajuda a resolver este quebra cabeças de forma a sempre conseguir uma boa exposição.
Conceitos chave do sistema da zona
O sistema de zona pode dividir uma cena em até 11 zonas na escala de tons (as variações mais comuns são 9,10 e 11 divisões).
Cada faixa tonal é atribuída a uma zona. Cada zona tem a distância de 1 Stop tanto da parada anterior quanto da parada posterior. Então todas mudanças de zona equivalem a mudança de uma parada, ou 1 Stop.
Na fotografia digital normalmente nos preocupamos mais com as zonas entre III e VII, sendo as regiões mais claras na zona III e as mais brilhantes na zona VII.
As zonas abaixo de III em fotografia digital é mostrado apenas como preto puro, logo sem detalhes, e o mesmo vale para regiões acima da zona VII que são o branco puro também sem detalhes. Toda vez que usamos a fotometria da câmera e fazemos a leitura de algo que o fotômetro considera 0, bem exposto, na verdade ele está considerando aquela área como zona V, cinza 18%.
Se você abrir a lente ou diminuir a velocidade do obturador em um stop, essa área ficará superexposta em um 1 stop, e o mesmo vale em sentido contrário.
Exemplo, se você está medindo uma área considerada zona VI e você dobrar a velocidade do obturador agora a mesma área será considerado zona V. O mesmo vale para o sentido contrário; Imaginando a medição na zona V e você reduzir a velocidade do obturador pela metade a zona medida passará para zona IV.
Sendo assim você agora sabe a manipulação das zonas podem ser feitas na câmera, adicionando ou retirando luz ou mudando a região da cena que servirá de referência para a medição da exposição.
Cores e Zonas
Claro que o mundo não preto e branco, existem uma infinidade de cores e o sistema de zona também pode ser usado em imagens coloridas.
Claro que aqui a coisa pode complicar um pouco mais, mas de qualquer forma esta técnica é super válida para alcançar não apenas a boa exposição da foto mas também a fidelidade das cores.
Como pode ser visto pela imagem acima, as cores médias renderizariam corretamente quando colocadas em uma zona média que é a zona V. Por serem corretamente exibidas, elas aparecerão na foto final da mesma maneira que elas parecem na realidade, sem mudança na exposição.
Esses tons incluem grama verde ou folhas de árvores, flores vermelhas, céu azul claro, etc…
Tons de cor um pouco mais brilhantes que a média devem ser colocados na zona VI. Essas cores são mais como pastéis ou cores médias desbotadas. Caso esteja fotografando algo com estas cores como cena principal, procure ajustar sua câmera para ele compense a exposição e não manipule as cores.
Esses tons incluem amarelo puro, vermelho rosado brilhante, azul bebê, rosa bebê entre outras.
Já tons de cores mais brilhantes do que isso devem ser colocados na zona VII. Algumas delas são; branca, nuvens brancas, neblina, fumaça, névoa, areia brilhante. Tons de cor ligeiramente mais escuros que a média devem ser colocados na zona IV. Aqueles incluem troncos de árvores, céus azuis escuros, e assim por diante.
Tons de cor mais escuros que geralmente devem ser colocados na zona III. Esses tons incluem a cor pretos, sombras extremas, carvão e coisas do tipo.
Na fotografia digital, uma exposição geralmente correta (tecnicamente falando) de uma cena média é aquela que é exposta para os tons médios, sem branco estourados.
Hoje em dia é possível trabalhar com áreas escuras da foto estouradas, pois ainda é possível recuperar detalhes na pós. Já falando das áreas claras, brancos, não é possível recuperar detalhes uma vez que este já tenha ultrapassado o valor ideal.
Claro que não temos apenas o preto eo branco nesta conta, podemos também fazer referências a algumas cores para determinar em que zona estão.
Podemos ver nas fotos que mesmo áreas que são coloridas podem ser qualificadas em zonas.
E isto é bem útil pois caso esteja utilizando uma área particular da foto para aferir sua medição de exposição às outras zonas podem sofrer com mais ou menos luz do que o desejado.
Fotografia de retrato e o sistema de zonas
Enquanto os fotógrafos de paisagem estão mais familiarizados com as cores das montanhas, árvores, céus, mares e assim por diante no sistema de zonas, os fotógrafos de retratos podem criar uma correlação entre o sistema de zona e os tons de pele.
A maioria dos tons de pele geralmente fica entre a zona IV e a zona VI, exceto por algumas exceções, como tons de pele realmente claros ou escuros. Normalmente quando estamos fazendo retratos estamos mais preocupados em criar uma boa exposição para o tom da pele da pessoa, aí o sistema de zona pode ser muito importante.
Ele vai te ajudar a ter um exposição correta e também a não manipular a cor da pele, logo, só vantagem. Preste atenção em toda a composição pois também temos cor dos olhos, cor das roupas e cor do fundo e outros elementos que terão que ser expostos corretamente também.
Avaliando Cenas de Alta Faixa Dinâmica
Quando uma cena tem uma enorme diferença entre os tons mais escuros e mais claros, isso significa que ela tem um alto alcance dinâmico, o que torna impossível manter todos os detalhes da imagem com um único disparo.
Então, a menos que você esteja planejando tirar várias fotos diferentes para depois combiná-las no pós-processamento, você definitivamente terá que fazer algum compromisso.
Você irá expor para a parte clara ou para a parte escura da foto?
Normalmente aconselho que se exponha a foto ligeiramente subexposta, para preservar as partes claras da foto. Assim você consegue usufruir um pouco melhor do alcance dinâmico de sua câmera, tirando apenas uma única foto. Porém hoje é possível usar uma técnica que se chama HDR, High dynamic Range, onde você irá tirar mais de uma foto e combiná-las.
Esta mistura pode ser feita diretamente na câmera ou em alguns software de pós produção.
Primeiro você precisa de mais de um arquivo da cena com exposições diferentes, normalmente arquivos sub expostos, e superexpostos além de arquivo bem exposto. E depois é só usar algum software de edição para fazer a combinação das imagens e criar uma foto que utilize uma média das áreas mais escuras e claras dos arquivos utilizados.
Meu programa favorito para este trabalho não é o Photoshop ou o Lightroom, mas sim o Aurora HDR 2019, que é exclusivo para trabalho em HDR.
Não é fácil, mas também não é ciência de foguetes
Algumas pessoas podem argumentar que o sistema de zonas não foi criado para, nem se aplica à fotografia digital, mas a verdade é que sim.
Talvez não exatamente da mesma maneira que foi planejado para ser usado, mas certamente faz uma grande diferença para você e sua fotografia. Como aprender qualquer coisa, você deve praticar para se tornar proficiente. Para se tornar um especialista, você deve praticar muito mais.
O sistema da zona não é tão complicado. Quando você entende o básico , você pode aplicá-lo como parte de seu conjunto de habilidades gerais. Então você pode fazer uso extensivo dele e ver a diferença em suas fotografias.
Regra geral, com cenas comuns, basta apontar a câmera para uma cor média, colocá-la na zona V e depois recompor caso seja necessário. Com cenas de alta faixa dinâmica, a menos que você esteja planejando fazer exposições múltiplas, manipular a iluminação pode ser a saída mais fácil.
Adicionar luz, usar filtros na frente da lente, ou simplesmente bloquear a iluminação existente já são grandes passos para diminuir a faixa dinâmica de uma cena.
E aí consegui pegar? Deixem seus comentários aí embaixo.